Amor, uma palavra que pode ter o seu significado um tanto que confuso para quem tenta explicar, mas ao mesmo tempo é algo simples e sentido por muitos que dizem experimentar. Há quem sinta ou já experimentou o verdadeiro amor e fazem a seguinte afirmação: “O amor é algo contruído e percebido ao longo do tempo e não deve ser confundido com a paixão” Afinal, o que você sente e como descrever um sentimento que parece ser mais revelador pela sua expressão do que pelas palavras?
Infelizmente vivemos um período que vale mais ter razão do que união. Não se tolera opiniões contrárias ou se tem qualquer tipo de entrega na direção de algo mais profundo. Em alguns casos, pouco esforço existe para uma integração ou consenso de idéias e objetivos. Um jogo complicado pois se busca competir e não cooperar, se busca ter razão e não uma aceitação incondicional. Ainda assim percebo que existe um campo fértil para que a experiência deste afeto seja plantada e germinada. O campo esta aí, mas muitos estão distraídos acreditando no campo improdutivo desta dedicação, sem a esperança em uma expressão mais pura. Seria ingênuo pensar sobre pureza? Talvez, pois quem esta disposto a ser simples, sincero e inocente para fazer valer esta experiência aqui e agora?
Amor é algo que impera e tem propósito para existir, transmite verdade, com liberdade e pureza. O campo para sua expressão esta primeiramente na alma de cada um de nós, é algo externo mas também interno. Sua expressão vem da espontâneidade. Ninguém faz força para amar, apenas sente e expressa. O carinho com a pessoa amada, o respeito pelos outros, a união de expectativas na direção de um futuro juntos, a troca de olhar que fala mais do que palavras, tudo isso é amor, mas muito mais! É a certeza de que um castelo vem sendo construído de tijolo em tijolo por almas afins, formando dia a dia a beleza de sua construção. É a liberdade de ser junto, uma jornada de entrega, confronto, acolhimento e aceitação, e nunca um poder sobre o outro.
Só é possível iniciar a jornada do amor quem primeiro reconhece o amor próprio. É significar o amor sobre si mesmo(a) e com isso garantir a autoestima, pois o que é amar sem ter amor próprio? Algumas pessoas confundem amor com o poder, e garanto que são forças opostas que precisam ser colocadas cada uma em seu lugar. Uma força de poder que impede você de ser feliz, ou te aprisiona no calabouço da solidão, vergonha e violência, isto não é amor. A garantia para que possa experimentar o verdadeiro amor com alguém, vem primeiro da experiência de sentir amor por si mesmo(a). E talvez é neste sentido que o poder faça valer sua existência. O poder em garantir o próprio amor, pois neste jogo de opostos de poder X amor, penso que a melhor forma de fazer valer uma integração, é quando você direciona o poder no sentido de se lembrar de que ele só pode garantir uma certeza, de que seu coração é sagrado e livre para vivenciar a felicidade consigo e com o outro.
E é a mesma felicidade que pode dar passagem para seu coração reconhecer a paixão. Esta toma conta, arde e sufoca a psique, as vezes afoga. Mas não é amor, é paixão! É desta experiência que as pessoas se perdem, pois é fogo que arde sem direção, distrai e pode confundir. Mas o apaixonado se inspira pelo desejo e pelo prazer, e pode encontrar recursos para direcionar sua paixão na construção do tão falado amor. Quantos não dizem eu amo, quando apenas estão apaixonados? Porém é bom lembrar que ninguem controla a paixão, e nesta tentativa ela te possui e pode fazer arder o seu coração com a arrogância, transformando o amor em ódio. Isto é poder, não é amor. É no respeito, na maturidade e humildade que a paixão da passagem ao ponderado amor. Pois é neste que você se desenvolve, é neste sentimento que você edifica a felicidade em sua vida, como um castelo alicerçado na verdade sobre si mesmo(a).
Não há amor sem sacrifício. Amor é a alquimia de nossas vidas, e ela só pode ser vivenciada quando existe uma entrega dos elementos que a constituem. É também como uma dança, pois a expressão desta arte esta justamente na capacidade de conservar os passos de sua individualidade, com a capacidade de acompanhar os passos do outro neste relacionamento.
Segundo Jung: “todo amor verdadeiro profundo é um sacrifício. Sacrificamos nossas possibilidades, ou melhor, a ilusão de nossas possibilidades. Quando não há esse sacrifício, nossas ilusões impedirão o surgimento do sentimento profundo e responsável, mas com isso também somos privados da possibilidade da experiência do amor verdadeiro”
Portanto, para fazer valer uma bela dança em sua vida, olhe para si mesmo(a) e convide este outro para te acompanhar. Tenha ritmo e se permita nesta entrega se você puder, sem a ilusão de que você esta no controle. Será apenas um condutor ou será conduzido pela expressão de um força que se expressa por si mesma.