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Existiu um tempo em que um homem chamado Gaia habitou uma ilha deserta, um pedacinho de terra que provia ele de tudo o que era bom. A beleza do lugar traduzia a ideia de paraíso. Nesta ilha ele se nutria de toda a alimentação que surgia da terra. Seus dias eram de paz e harmonia com os animais e demais seres daquele lugar. A terra era de uma beleza jamais imaginada por qualquer pessoa. Ali Gaia estava construindo a cada dia o seu lugar de segurança e conforto. Estava adaptado e conectado com aquela natureza e tudo era bom. Gaia era uma pessoa que desde cedo precisou organizar sua vida na ilha, seus pais eram naufragos. Os dois perdidos em um barco de resgate descobriram aquela ilha como oportunidade de sobreviver em uma terra que demonstrou ser sustentável. Mas com a morte muito cedo de seus pais, ficou o ensinamento do que era necessário para sobreviver. E um menino cheio de vontade pela vida enfrentou a perda e manteve o trabalho pela sobrevivência.
Alguns anos se passaram, e um dia sentado a beira mar passou a contemplar o horizonte e a imaginar que um outro lugar poderia ser tão belo e completo como aquele. O que poderia existir além dos traços do horizonte? Passava o tempo e aquele privilegiado homem já começava a levantar questões sobre sua própria sorte em morar no paraíso. A solidão era seu maior algoz. Não era possível viver por muito tempo sozinho em uma ilha deserta. Um outro lugar que eu pudesse chamar de meu lugar no mundo pode ser possível.
E é quando as coisas estão boas que começamos a imaginar o quão melhores elas ainda poderiam ser. E isso inevitávelmente surgiu quando quando teve a sensação dentro do seu peito que precisava ir além. E ir além exigia sair de seu lugar, pois aquele lugar apenas alimentava seu corpo e sua condição, o que já não era mais suficiente diante da nova vontade que se manifestava. O limite da visão de Gaia já era uma situação desconfortável para a alma aventureira que estava surgindo. O homem passou a ser desafiado pelo desconhecido.
Como era bom olhar a natureza, o nascer e o por do sol, como era bom sentir a brisa do vento e nadar a beira mar com os peixes. Mas a voz passou a falar em sua cabeça: – “Ainda que sua vida seja de grandeza, existe um horizonte que mostra a sua insignificância”
E a voz que fala é justamente a voz da sua vontade. Pois aonde surge a insuficiência, tambem surge a fome por um novo sentido que alimenta nossa alma.
E como mágica a ilha passou a mudar. Sua folhas caiam, os animais morriam e um inverno jamais visto apareceu naquele lugar. Era frio e a terra ja não nutria mais aquele homem sozinho e sem forças. A fome é como um vazio que dói no corpo todo. Uma imagem sem cores, sem brilho e sem esperança passou a ser o retrato daquela ilha, que já não tinha mais o equilibrio que a sustentava.
Um homem desafiado pela vida sempre descobre um jeito para partir na direção da esperança. A fome e a doença era algo iminente caso decidice permanecer naquele lugar,  uma ilha que passou a se tornar escassa pela ação do desequilíbrio ambiental. Algo misterioso tinha acometido aquele lugar. Era a mudança de sua própria visão ou a visão de sua própria mudança? Ele já não sabia o porquê daquele desconforto, apenas sentia a falta das alegrias daquele paraíso e suas boas lembranças com seus pais. Seu corpo e sua alma já clamavam por mais vida. Naquele momento pouco importava as razões. Era momento de partir.
E esse partir seria para vida ou para morte? A decisão mirava sempre naquele horizonte desconhecido, foi acometido de grande dúvida, pensou se de alguma forma ele mesmo poderia transformar o cenário de sua ilha. Foi vencido pelo fato de que não cabia mais a sua vontade diante da resposta, resposta que a própria natureza daquele lugar já havia dado. Ela, a natureza era soberana em sua manifestação e tudo indicava que o ímpeto do homem por terras novas era um fato consumado. Era inevitável o momento de partir. E a construção de um bom mastro de jangada é o que iria garantir a segurança de sua jornada.
Chegou a hora de colher a materia prima para sua construção, e mesmo uma ilha em processo de escassez, ainda restavam troncos de arvores, cipós e pedra como ferramenta para construir uma embarcação. Foi em busca da madeira mais forte e apropriada para construir o mastro, madeiras flutuantes para a estrutura de bordo e coros de animais mortos para costurar a vela com os cipós de boa fibra. Após 7 dias estava construida a Jangada!
Em uma manhã de céu azul e sol escaldante Gaia empurra sua embarcação para o mar e segue a arrebentação rumo ao desconhecido. O Jangadeiro já não olha mais para traz, segue o curso de sua viajem na certeza que a dor da saudade seria sanada com a esperança. A conquista seria um novo alimento para sua alma, pois ja havia chegado o momento de partir. Seguindo em águas calmas e vento forte, observa sua vela dando a direção de sua jornada. Mais e mais se afasta da costa daquele lugar que se tornou tão pequeno que sumiu no horizonte. Já não existia terra. Era apenas ele, a jangada e o mar.
Passado vários dias ainda não se via nenhuma terra a vista. Se alimentava de peixes e da agua das chuvas que por hora caia. Sabia que seu destino poderia ser a morte ou uma nova vida e que sua embarcação era a força que ainda o mantinha em curso.
E no curso de sua viajem, assustado, avista logo a frente um céu escuro. O prenuncio de nuvens e tormenta se aproxima.  Vários riscos de luz na escuridão e o barulho dos trovões. Era assustador! Não era possível desviar. A Tempestade se aproximava e era preciso confiar naquela jangada que havia construído.
Chega o momento da tormenta, ondas gigantes levantam a jangada. Ondulações enormes jogam ela de um lado para o outro e raios caem bem próximo. É escuridão e tempestade neste momento. O terror e medo da morte aterroriza aquele pobre jangadeiro. Ele não tem mais o controle de sua embarcação e quando percebe sua vulnerabilidade diante da tempestade, busca desesperadamente abraçar aquilo que era mais forte, o poste de seu mastro. A madeira mais forte de sua embarcação era a única coisa em que podia se agarrar naquele momento. Fecha os olhos e se enche de esperança, pois acredita que aquela tempestadade iria passar. Apenas confiou naquela estrutura que escolheu como mais forte em sua embarcação. Foi quando uma enorme onda cobre sua pequena jangada. Tudo se apaga!
Passado algum tempo seus olhos abrem, e caído vê o brilho de cada pedrinha de areia no chão de uma nova terra, Era uma bela praia mas não era o mesmo lugar, era um lugar imenso. Ao fundo observa uma linda cadeia de montanhas com pássaros cantando ao longe. Era uma beleza exuberante. E neste lugar não estava sozinho, ao fundo habitantes vinha em sua direção e o recebem como um Deus vindo do mar desconhecido. Pobres extrangeiros, mau sabem que aquela ilha segura já existe além de nossos horizontes. Para o jangadeiro surge um nova ilha, um novo tempo. Para eles uma nova oportunidade de mudança. O sonho daquele Jangadeiro se torna realidade. Descobre que o paraiso pode ser encontrado em vários lugares além dos traços de seu horizonte. Para estes desconhecidos era só a prova de que um novo tempo iria começar.
Psicólogo Karasiak
Psicólogo Karasiak
Psicólogo Humanista e Hipnoterapeuta Ericksoniano.

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